Amazon planeja substituir mais de 500 mil empregos por robôs

22/10/2025
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Documentos internos mostram que empresa planeja automatizar 75% de suas operações. Segunda maior empregadora dos EUA afirma que dados estão incompletos e não representam a estratégia geral de contratações (Por Karen Weise SHREVEPORT (EUA) | The New York Times) - foto reprodução - 

Ao longo das últimas duas décadas, nenhuma empresa fez mais para moldar o mercado de trabalho americano do que a Amazon.

Em sua ascensão para se tornar a segunda maior empregadora dos Estados Unidos, a companhia contratou centenas de milhares de trabalhadores de centros de distribuição, criou um exército de motoristas terceirizados e foi pioneira no uso de tecnologia para contratar, monitorar e gerenciar funcionários.

Agora, entrevistas e um conjunto de documentos internos de estratégia revelam que executivos da Amazon acreditam que a empresa está à beira de sua próxima grande transformação no local de trabalho: substituir mais de meio milhão de empregos por robôs.

A força de trabalho da Amazon nos Estados Unidos mais do que triplicou desde 2018, chegando a quase 1,2 milhão de pessoas.

Mas a equipe de automação da empresa espera que ela consiga evitar a contratação de mais de 160 mil funcionários no país até 2027 —trabalhadores que, de outro modo, seriam necessários.

Executivos disseram ao conselho da Amazon no ano passado que esperam que a automação robótica permita à empresa continuar evitando ampliar sua força de trabalho nos Estados Unidos nos próximos anos, mesmo com a expectativa de vender o dobro de produtos até 2033.

Em instalações projetadas para entregas ultrarrápidas, a Amazon tenta criar armazéns que empreguem pouquíssimos humanos. E os documentos mostram que a equipe de robótica da companhia tem como meta final automatizar 75% de suas operações.

Os documentos sugerem evitar o uso de termos como "automação" e "inteligência artificial" ao discutir robótica, preferindo expressões como "tecnologia avançada" ou substituindo a palavra "robô" por "cobot" —uma forma de sugerir colaboração com humanos.

Desde a compra da fabricante de robôs Kiva, em 2012, a Amazon vem ampliando seu projeto de automação.

Segundo Tye Brady, diretor de tecnologia da Amazon Robotics, todas as operações da empresa foram divididas em seis áreas: movimentação, manipulação, triagem, armazenamento, identificação e empacotamento.

"Queremos ter capacidade de ponta em cada uma delas", disse.

No centro de distribuição mais avançado da empresa, em Shreveport, Louisiana, os funcionários tocam nos produtos apenas em poucas etapas, como ao retirá-los das caixas e colocá-los nas bandejas. Depois disso, o braço robótico Sparrow escolhe um item e o transfere para outro recipiente.

O braço Robin coloca os pacotes em robôs Pegasus, que os encaminham para os dutos corretos conforme o destino. Abaixo, um robô maior, Cardinal, empilha as caixas com precisão "como num jogo de Tetris", disse Abhishek Gowrishankar, gerente da instalação.

Um robô chamado Proteus passa por baixo dos carrinhos e os leva até as docas de envio, desenhando um sorriso luminoso quando se aproxima de trabalhadores.

Nos últimos anos, a empresa reformulou seus principais centros de distribuição. A mudança mais importante foi no armazenamento e movimentação dos itens. Antes, produtos ficavam em torres de nichos de tecido, e os funcionários precisavam vasculhar para achar o item certo.

Agora, com o sistema Sequoia, os nichos foram substituídos por caixas plásticas que deslizam mecanicamente em estruturas, permitindo que câmeras identifiquem o conteúdo e braços robóticos o movimentem com ventosas.

"Essa mudança simplifica o trabalho e aumenta a eficiência e a segurança", disse Udit Madan, chefe de operações da Amazon.

"Ninguém tem o mesmo incentivo que a Amazon para encontrar uma maneira de automatizar", disse Daron Acemoglu, professor do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) que venceu o Prêmio Nobel de economia no ano passado.

Se os planos se concretizarem, "um dos maiores empregadores dos Estados Unidos se tornará um destruidor líquido de empregos, não um criador líquido", afirmou Acemoglu.

A Amazon disse que os documentos vistos pelo Times estavam incompletos e não representam a estratégia geral de contratações da empresa. Kelly Nantel, porta-voz da Amazon, observou que a companhia planeja contratar 250 mil pessoas para a próxima temporada de festas.

"Ter eficiência em uma parte do negócio não conta toda a história sobre o impacto total que isso pode ter", disse Udit Madan, que lidera as operações globais da Amazon, "seja em uma comunidade específica ou para o país como um todo." (Fonte: Folha de SP)

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