Mesmo com lucros, grandes bancos demitem em meio à pandemia

02/10/2020
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Santander, Itaú e Bradesco registram lucros no primeiro semestre mas descumprem acordo firmado com a categoria

O movimento sindical critica as demissões que estão sendo promovidas pelos grandes bancos brasileiros em meio à pandemia do novo coronavírus. Os bancos estão em boa situação financeira, muito melhor do que outras empresas, mais atingidas pela crise sanitária, e mesmo assim passaram a demitir, eliminando postos de trabalho. Fazem isso depois de firmarem um acordo de não promoverem demissões durante a pandemia. Só que a pandemia ainda não acabou, e o movimento sindical têm feito campanha para denunciar a quebra de compromisso das instituições financeiras.

Essas demissões estão acontecendo porque o governo Bolsonaro não tem compromisso com os trabalhadores. Em outros países, o governo federal não deixa que as empresas lucrativas demitam. Desde o início da pandemia, o Santander demitiu mais de mil bancários. Outras 400 demissões foram feitas pelo Itaú e o Bradesco anuncia que também vai demitir. Nesta segunda-feira (29), o Bradesco enviou aos funcionários comunicado no qual informa que irá conceder um benefício adicional no desligamento sem justa causa. O documento alertou os bancários para demissões.

O Bradesco foi a companhia aberta com os maiores lucros da América Latina nesse primeiro semestre. Foram mais de R$ 7 bilhões; o Itaú é a marca mais valiosa do Brasil avaliada em R$ 24,5 bilhões e o Santander tira do Brasil seu maior lucro no mundo.

Marketing
Um dos grandes bancos que descumpre o acordo firmado no começo da pandemia é o Itaú. Foram cerca de 400 demissões, principalmente no setor de Veículos. “Depois que a gente fechou a campanha nacional dos bancários, o Itaú começou a demitir. O banco doou 1 bilhão na pandemia, mas demite. Isso era só marketing? Como fica sua imagem sabendo que a marca Itaú é a mais valiosa do país e está demitindo?

O campeão das demissões em 2020 é o Santander. Foram cerca de mil bancários demitidos desde maio, quando o banco começou a escalada de demissões. O lucro do banco no país representa 32% de todo seu lucro mundial. O Santander fez uma reserva de R$ 10,4 bi, para cobrir possíveis calotes que reduziu o lucro de R$ 7,749 bilhões para R$ 5,989 bilhões. Sem as provisões para créditos de liquidação duvidosa (PDD), a queda no lucro do Santander viraria crescimento de 8,8%. O Banco Central havia liberado as PDDs, mas mesmo assim os grandes bancos provisionaram. “Não existe qualquer justificativa econômica para as demissões nesses bancos. São instituições com comprovada saúde financeira.

Eficiência?
Nos balanços financeiros, os grandes bancos divulgam o chamado “Índice de Eficiência Bancária”, que resulta da divisão entre as despesas não decorrentes de juros, entre as quais se destacam as despesas com pessoal e tributárias e as receitas auferidas pelos bancos, entre elas, a receita de prestação de serviços. Por exemplo, um banco com índice de eficiência de 41% é aquele que, para obter uma receita de R$ 100,00, gasta R$ 41,00. Na lógica do Índice de Eficiência Bancária, esse banco deverá obter os mesmos R$ 100,00 com menos despesas.

Entre os grandes bancos que estão desrespeitando o acordo da pandemia, o atual campeão das demissões, o Santander, de acordo com os balanços de junho de 2020, tem o índice de 35,7%, considerado no setor o de melhor desempenho. Itaú vem em segundo lugar, com 45,4%, em seguido está o Bradesco, com 47,8%. Esse capitalismo financeiro chama de eficiência não o bom atendimento à população, menores taxa ou melhores serviços. Chama de eficiência um termo técnico para dizer apenas que ganham mais gastando menos, empregando menos, com menos retorno para a sociedade.

Luta contra as demissões
O movimento sindical cobra a suspensão das demissões e continua com a campanha para denunciar a quebra de compromisso dos bancos de não demitir durante a pandemia, articulando as várias campanhas contra as demissões que já vem ocorrendo em cada banco. Serão organizadas manifestações e ações pelas redes sociais para mostrar que demissões não combinam com os bons resultados financeiros dos bancos em 2020.

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