Bradesco demite funcionários mesmo com lucro de quase R$ 13 bi em nove meses

03/11/2020
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Demissões e fechamento de agências é a outra faceta do “banco do futuro”

O Bradesco obteve Lucro Líquido Recorrente de R$ 12,657 bilhões nos primeiros nove meses de 2020, queda de 34,2%, em relação ao mesmo período de 2019, e crescimento de 29,9% em comparação ao 2º trimestre de 2020 (o lucro do 3º trimestre foi de R$ 5,031 bilhões frente a R$ 3,873 bilhões, no 2º trimestre). O banco alcançou uma rentabilidade (retorno sobre o Patrimônio Líquido médio anualizado – ROE) de 12,9%, redução de 7,6 pontos percentuais em doze meses. Os dados fazem parte da análise feita pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) a partir do relatório de balanço do banco sobre os resultados terceiro trimestre.

“Mesmo com esse lucro altíssimo, o presidente do banco anuncia o fechamento de mais de 1.100 agências até o final do ano. Para ele, trabalhador é ‘mato alto’, que precisa ser cortado”, declarou Magaly Fagundes, coordenadora da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Bradesco.

A holding encerrou o 3º trimestre de 2020 com 95.934 empregados, redução de 3.338 postos de trabalho em doze meses. No período foram fechadas 772 agências. Somente entre o final de março e de setembro, foram fechados 1.300 postos de trabalho e 605 agências, mesmo após o banco ter assumido o compromisso de não demitir funcionários enquanto durar a pandemia.

A receita com prestação de serviços e tarifas bancárias caiu 2,2% em doze meses, totalizando R$ 19,4 bilhões, mas as despesas com pessoal (incluindo a PLR) caíram ainda mais (-5%) atingindo R$ 14,3 bilhões. Segundo o banco, o resultado com as despesas de pessoal reflete “benefícios com o plano de desligamento voluntário (PDV) de 2019”. Assim, somente com estas receitas secundárias, que representam um valor irrisório frente ao que banco obtém com outras transações financeiras, o banco conseguiu cobrir todas as despesas que teve com seus funcionários e ainda sobrou 35,4%.

Veja abaixo a tabela resumo do balanço


Destaques das Demonstrações Financeiras do Banco Bradesco – 3º trimestre de 2020 
O lucro líquido Recorrente do Banco Bradesco nos primeiros nove meses de 2020 foi de R$ 12,657 bilhões, com queda de 34,2%, em relação ao mesmo período de 2019 e crescimento de 29,9% em comparação com o 2º trimestre de 2020 (o lucro do 3º trimestre foi de R$ 5,031 bilhões frente a R$ 3,873 bilhões, no 2º trimestre). O retorno sobre o Patrimônio Líquido médio anualizado (ROE) ficou em 12,9%, com redução de 7,6 p.p. em doze meses. De acordo com o seu relatório, o lucro líquido e o resultado operacional no período foram impactados pelo cenário econômico provocado pela pandemia, mas, por outro lado, o destaque positivo foi a redução das despesas operacionais. No 3º trimestre, o crescimento se deve à redução das despesas com provisões para créditos de liquidação duvidosa (a PDD) em relação ao trimestre anterior, mesmo com a constituição de R$ 2,6 bilhões em PDD.

Um item com forte impacto nos resultados da instituição foi a conta de impostos e contribuições, que passou de uma despesa de, aproximadamente, R$ 2,2 bilhões para uma receita de R$ 15,7 bilhões, devido à entrada de créditos tributários, revertendo o resultado negativo antes dos impostos, de R$ 4,5 bilhões.

A carteira de crédito expandida do banco apresentou alta de 11,7% em doze meses e 0,5% no trimestre, atingindo R$ 664,4 bilhões. As operações com pessoas físicas (PF) cresceram 9,6% em doze meses, chegando a R$ 243,4 bilhões. Os destaques no segmento foram o financiamento imobiliário (+21,8%) e o crédito consignado (+10,2%). Já as operações com pessoas jurídicas (PJ) alcançaram R$ 421,0 bilhões, com crescimento de 12,9% em doze meses. O segmento de grandes empresas cresceu 11,5%, enquanto a carteira de Micro, Pequenas e Médias Empresas teve alta de 16,3%. O Índice de Inadimplência superior a 90 dias caiu 1,3 p.p. em doze meses e ficou em 2,3%, enquanto as despesas com devedores duvidosos (PDD), por sua vez, subiram 68,9%, totalizando R$ 20,7 bilhões, em função da perspectiva do banco frente ao cenário econômico atual.

A receita com prestação de serviços e tarifas bancárias caiu 2,2% em doze meses, totalizando R$ 19,4 bilhões. As despesas de pessoal, incluindo a PLR, também caíram no período (-5,0%) atingindo R$ 14,3 bilhões. De acordo com o relatório, esse resultado das despesas de pessoal reflete “benefícios com o plano de desligamento voluntário (PDV) de 2019”. Assim, a cobertura destas despesas pelas receitas secundárias do banco foi de 135,4%.

A holding encerrou o 3º trimestre de 2020 com 95.934 empregados, com redução de 3.338 postos de trabalho em doze meses e 772 agências fechadas no período. Entre o final de março e de setembro, foram fechados 1.300 postos de trabalho e 605 agências, apesar do compromisso assumido pelo banco com os trabalhadores de não demissão enquanto durar a pandemia. (Fonte: Dieese)

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